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BCE, indiferente aos danos económicos, vai continuar a subir taxas europeias

taxas europeias

Custo do crédito habitação está a sofrer fortemente com o aumento das taxas europeias. No entanto, o BCE mantém-se inflexível e, mesmo com os danos económicos e aumento do custo de vida, afirma que os juros vão continuar a subir

O Banco Central Europeu deixou uma certeza: os custos dos empréstimos vão continuar a aumentar, mesmo que isso tenha impactos negativos na economia da zona euro. Essa visão foi confirmada esta terça-feira por dois dos principais líderes monetários do BCE, o vice-presidente da entidade, Luis de Guindos, e o presidente do banco central da Alemanha, Joachim Nagel. O organismo que tutela a política monetária europeia explica que deixar a inflação manter-se elevada seria ainda mais doloroso, e por isso, as taxas europeias vão continuar a subir para contrariar essa tendência.

O BCE tem vindo a elevar as taxas de juro a um ritmo recorde, e este ano já reviu em alta os valores por três ocasiões. Mas, apesar dos impactos, continua a apontar para mais subidas das taxas europeias no futuro, considerando que essa é a melhor opção para trazer a inflação de dois dígitos na zona euro, acima dos 10%, de volta para o seu objetivo de 2%. Segundo afirmaram os dois dirigentes, o aumento da inflação teve custos em termos de crescimento económico, que é preciso agora contrapor com uma política monetária restritiva.

taxas europeias continuam a subir juros na zona euro

Foco do BCE é estabilizar a inflação

Joachim Nagel alerta que o Banco Central Europeu está inflexível no seu objetivo de reduzir a inflação. O líder do Bundesbank avisa que “farei tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que nós, o Conselho do BCE, não desistimos tão cedo e que continuemos a insistir na normalização da política monetária, mesmo que as nossas medidas retenham o desenvolvimento económico”. Ou seja, mesmo reconhecendo os impactos no estilo de vida das famílias, considera que “numa situação em que a política monetária é adiada, os custos económicos globais seriam significativamente mais elevados”.

De Guindos reconhece os efeitos da subida das taxas europeias, e avisa que a política monetária do BCE vai reduzir “a procura agregada, tanto para consumo como para investimento, mas é a única saída possível, porque não fazer nada seria muito pior”. Antevendo os efeitos desta opção, avisa que a economia da zona euro deverá contrair-se este inverno devido a uma combinação de custos energéticos mais elevados, uma procura global mais fraca e custos de empréstimos mais elevados.

Subida das taxas europeias vai continuar

Se alguns previam que as subidas das taxas europeias iam terminar, essa ideia foi contrariada pelos responsáveis do BCE. Até meio de 2023 a tendência continuará a ser para revisões em alta, duplicando os valores atuais dos juros, que rondam os 1,5% e vão ficar próximos dos 3%. De Guindos explica que “as características e o calendário do nosso QT (aperto quantitativo), que pode ou não sobrepor-se ao processo de normalização das taxas de juro, serão discutidos em dezembro”,

Luís De Guindos e Joachim Nagel apoiaram também a redução das participações multimilionárias de obrigações do BCE, que se acumularam na última década, quando a inflação era demasiado baixa. O Vice-Presidente da entidade explica que este ‘aperto quantitativo’ tinha de ser feito “muito prudentemente”, mas que é uma possibilidade enquanto as taxas continuam a subir. Ou seja, além do aumento das taxas europeias, a menor compra de dívida pública é outra das medidas que o BCE deve adotar para fazer descer a inflação para valores aceitáveis e dentro das metas que estabeleceu.

 

Fonte:

Euronews

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