As alterações climáticas têm se mostrado uma das maiores preocupações a nível global, com diversas nações apresentando esforços para mitigar os efeitos negativos e promover a adaptação às mudanças em curso. No contexto europeu, a União Europeia (UE) assumiu compromissos importantes e ambiciosos para enfrentar esse desafio, com metas estabelecidas e estratégias bem definidas, visando tanto a redução das emissões de gases com efeito de estufa, como a criação de uma sociedade adaptada aos inevitáveis impactos das mudanças climáticas.
No âmbito das medidas adotadas, a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas 2020 (ENAAC) estabelece objetivos e o modelo para implementação de soluções em diversos setores, como agricultura, biodiversidade, economia, energia e segurança energética. Além disso, a UE está comprometida em atingir a neutralidade climática até 2050, através da Lei Europeia em matéria de clima, que determina uma redução das emissões de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030.
Com base no progresso até o momento, verifica-se que a UE tem avançado em direção às metas climáticas estabelecidas, porém, é fundamental manter-se em alerta e continuar aprimorando as estratégias e políticas, com o intuito de garantir avanços significativos na luta contra as alterações climáticas e assegurar um futuro sustentável e resiliente para todos.
Fundamentos da alteração climática
Alterações históricas do clima
Ao longo da história da Terra, o clima sofreu inúmeras alterações naturais. Essas mudanças incluem períodos glaciais e interglaciais, bem como flutuações na temperatura e precipitação. Algumas das principais causas naturais dessas alterações incluem variações na órbita da Terra, atividade vulcânica e variações na radiação solar.
Evidências científicas das alterações climáticas
As evidências científicas das alterações climáticas são abundantes e consistentes em todo o mundo. Algumas das principais evidências incluem:
- Aumento nas temperaturas médias globais
- Aumento na intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como secas e tempestades
- Diminuição das calotas polares e das massas de gelo em várias regiões do mundo
- Aumento do nível do mar devido ao derretimento dos glaciares e expansão térmica das águas oceânicas
- Mudanças nos ecossistemas, na biodiversidade e nos padrões de migração de animais e plantas.
Causas antropogénicas dos desequilíbrios climáticos
As atividades humanas, incluindo a queima de combustíveis fósseis, desmatamento e práticas agrícolas, contribuíram significativamente para as alterações climáticas nos últimos anos. A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) e outros gases com efeito de estufa na atmosfera, que atuam como uma cobertura, retendo o calor e levando ao aumento das temperaturas médias globais.
O desmatamento e as práticas agrícolas insustentáveis também contribuem para as alterações climáticas, degradando os solos e reduzindo a capacidade dos ecossistemas em absorver e armazenar CO2. Isso leva à libertação de gases com efeito de estufa e agravamento das mudanças climáticas.
Os países e organizações internacionais, como a União Europeia, trabalham juntos para combater as alterações climáticas. A Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC) mencionada nos resultados de pesquisa estabelece objetivos e modelos para a implementação de soluções em diferentes setores, como agricultura, biodiversidade, economia, energia e segurança energética. Além disso, a Lei Europeia em matéria de clima estabelece que os países da UE devem reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030, com o objetivo de atingir a neutralidade climática da UE até 2050.
Estratégias de mitigação
Redução de emissões de gases de efeito estufa
A mitigação das alterações climáticas envolve ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). A redução das emissões pode ser alcançada através do uso racional de energia, aumento da eficiência energética e substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis. Além disso, a conservação e recuperação de áreas de florestas desempenham um papel importante na captura e armazenamento de CO2 da atmosfera, contribuindo para a redução dos GEE.
Desenvolvimento de tecnologias energéticas sustentáveis
O desenvolvimento e implantação de tecnologias energéticas sustentáveis são essenciais para a mitigação das alterações climáticas. Alguns exemplos dessas tecnologias incluem energia solar, eólica, hidrelétrica, biomassa, biogás e geotérmica. Essas fontes de energia renováveis não apenas têm um impacto favorável no clima, mas também contribuem para a segurança energética e a redução da dependência dos combustíveis fósseis.
Algumas ações importantes neste sentido incluem:
- Investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas.
- Incentivos fiscais e financeiros para projetos de energia renovável.
- Implementação de códigos e padrões de construção que promovam a eficiência energética e o uso de energias renováveis.
Implementação de políticas climáticas eficazes
A adoção de políticas climáticas eficazes é crucial no processo de mitigação das alterações climáticas. Entre os instrumentos aplicados estão planos regionais e nacionais de ação climática, como o Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) e o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC 2050), que definem metas e medidas para reduzir as emissões de GEE e promover o desenvolvimento sustentável.
Alguns elementos chave para políticas climáticas eficazes incluem:
- Estabelecimento de metas ambiciosas e realistas de redução de emissões.
- Promoção de ações coordenadas entre os diferentes setores da economia.
- Monitoramento e avaliação contínua dos progressos alcançados.
- Fortalecimento da cooperação internacional na área de mitigação das alterações climáticas.
Adaptação às mudanças climáticas
Melhoria da resiliência dos ecossistemas
A adaptação às alterações climáticas é essencial para garantir a sobrevivência dos ecossistemas. Um dos principais objetivos da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas 2020 (ENAAC) é a melhoria da resiliência dos ecossistemas¹. Esta estratégia envolve ações como a preservação da biodiversidade e recuperação de áreas degradadas, contribuindo assim para a criação de sistemas naturais mais fortes e adaptáveis aos efeitos das mudanças climáticas.
Urbanismo e infraestruturas adaptativas
A união Europeia e seus Estados-Membros estão desenvolvendo abordagens de urbanismo e infraestruturas adaptativas para melhorar a resiliência às alterações climáticas. Alguns exemplos de medidas incluem:
- Planeamento urbano sustentável: que leva em consideração as mudanças nos padrões de precipitação e aumento do nível do mar²;
- Criação de espaços verdes: para melhorar a qualidade do ar e proporcionar um efeito regulador da temperatura;
- Desenvolvimento de infraestruturas resilientes: como por exemplo, sistemas de drenagem aprimorados e edifícios projetados para resistir a eventos climáticos extremos.
Gestão de recursos hídricos e agrícolas
As alterações climáticas afetam a disponibilidade de recursos hídricos e a produtividade agrícola. A gestão sustentável desses recursos, é uma área chave para a adaptação às mudanças climáticas. Algumas das medidas que estão sendo implementadas incluem:
- Uso eficiente da água: utilizando técnicas modernas de irrigação e reuso de água;
- Culturas resilientes: desenvolvimento e utilização de espécies de plantas adaptadas a condições climáticas mais extremas;
- Monitoramento e previsão: uso de tecnologias de informação para monitorar e prever eventos climáticos e tomar decisões adequadas em tempo real.
Assim, é fundamental investir na adaptação e na melhoria da resiliência dos ecossistemas. Lutar por um urbanismo e infraestruturas adaptativas e gerir eficientemente os recursos hídricos e agrícolas permitirá enfrentar com maior sucesso as consequências das alterações climáticas.
¹ Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas. (2024). ENAAC.
² Agência Europeia do Ambiente. (2024). Adaptação às alterações climáticas.
Cooperação internacional e desenvolvimento sustentável
Acordos globais e compromissos de países
A Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP) reúne países para combater as mudanças climáticas. Um exemplo é a COP21, onde os países submeteram seus planos, chamados de Contribuições Internacionais Nacionalmente Determinadas (INDCs). Esses planos detalham as ações e metas de redução de emissões poluentes de cada país para fortalecer a resiliência climática.
Financiamento de iniciativas verdes
O financiamento de projetos sustentáveis é uma parte importante do combate às mudanças climáticas e mitigação dos impactos negativos causados pelo desenvolvimento desarticulado. Para isso, diversos mecanismos têm sido promovidos para a criação de capacidades para o planeamento e gestão eficaz no que respeita às alterações climáticas, especialmente em países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
Educação e conscientização pública
As Nações Unidas apoiam a cooperação global e a solidariedade entre os países, enfatizando a importância de se trabalhar em conjunto para enfrentar a pandemia de COVID-19 e as mudanças climáticas. A conscientização pública desempenha um papel fundamental ao estimular ações concretas e políticas governamentais voltadas ao desenvolvimento sustentável. A educação é crucial para aumentar o conhecimento das populações sobre o impacto das mudanças climáticas na economia e nas nossas vidas4. Foco especial deve ser dado às mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas, a fim de garantir que suas necessidades sejam atendidas e que participem plenamente no combate às mudanças climáticas.
Inovação e progresso tecnológico
Avanços em energias renováveis
Nos últimos anos, assistimos a grandes inovações no campo das energias renováveis, como energia eólica, solar, hídrica e biomassa. A quantidade de energia produzida por essas fontes tem aumentado significativamente. Por exemplo, a energia solar fotovoltaica teve uma redução drástica nos custos de produção, fazendo com que se torne mais acessível e competitiva em relação às fontes tradicionais de energia.
- Energia eólica: A tecnologia tem evoluído para turbinas eólicas mais eficientes e com maior capacidade de geração.
- Energia hídrica: As inovações incluem turbinas mais eficientes e sistemas de bombeamento de água para armazenamento de energia.
- Biomassa: A utilização de resíduos orgânicos para a geração de energia tem se mostrado eficaz na redução das emissões de gases de efeito estufa.
Captura e armazenamento de carbono
A captura e armazenamento de carbono (CCS) é uma tecnologia emergente que tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de CO2, capturando-as antes que sejam liberadas para a atmosfera. Existem diversas abordagens para a captura de carbono, sendo:
- Pré-combustão: capturar o CO2 antes da combustão do combustível.
- Pós-combustão: capturar o CO2 depois da combustão do combustível.
- Oxicombustão: queima de combustível com oxigênio puro em vez de ar, produzindo CO2 puro e vapor de água.
Inovações em eficiência energética e mobilidade
No setor de eficiência energética, uma série de inovações tem contribuído para o uso mais eficiente e sustentável de energia:
- Iluminação: A introdução de lâmpadas LED trouxe grande avanço na eficiência energética e economia de energia.
- Edifícios: A implementação de tecnologias como isolamento térmico e vidros inteligentes melhora o desempenho térmico e reduz o consumo de energia.
- Transporte: A mobilidade elétrica, incluindo veículos elétricos e híbridos, tem crescido rapidamente, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa.
- Indústria: A aplicação de sistemas de gerenciamento de energia e soluções de automação aumenta a eficiência no uso da energia e a redução de desperdícios.
Esses avanços contribuem para o combate às mudanças climáticas e para o desenvolvimento sustentável, criando um futuro mais verde.
Desafios e barreiras
Desinformação e negacionismo climático
Apesar do consenso científico sobre as alterações climáticas, a desinformação e o negacionismo continuam a desempenhar um papel significativo na obstrução às ações para mitigá-las. Campanhas de desinformação e negacionismo climático têm como objetivo semear a dúvida e confundir o público, desacreditar a ciência e minar ações políticas.
Interesses económicos e políticos conflitantes
Os interesses económicos e políticos conflitantes representam uma grande barreira no combate às alterações climáticas. Um exemplo é a indústria dos combustíveis fósseis, que pode resistir à implementação de políticas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, os interesses nacionais e internacionais variados dificultam a adoção de compromissos e ações coletivas.
Limitações técnicas e econômicas
- Energia renovável: Apesar dos avanços, a implantação de energia renovável ainda enfrenta desafios técnicos e econômicos, como a necessidade de investimento em infraestrutura, armazenamento e distribuição de energia.
- Mobilidade sustentável: O transporte representa uma das maiores fontes de emissões de CO2. A transição para veículos elétricos e transporte público ecológico requer investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia.
- Agricultura: A agricultura é, simultaneamente, uma das principais causas e vítimas das alterações climáticas. A promoção de práticas agrícolas sustentáveis enfrenta desafios relacionados à produtividade, à gestão eficiente dos recursos e à segurança alimentar.
É essencial abordar esses desafios e barreiras para garantir ações efetivas no combate às alterações climáticas e construir um futuro mais sustentável e resiliente.
Estudos de caso e sucesso
Políticas nacionais exemplares
Portugal tem adotado políticas significativas para combater as alterações climáticas. A Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC) foi implementada em 2010, com os objetivos estendidos até 2025. Esta estratégia estabelece metas e soluções adaptativas para diversos setores, como agricultura, biodiversidade e energia1.
Projetos de energia renovável bem-sucedidos
O investimento em energia renovável é uma parte essencial do combate às alterações climáticas. Portugal tem feito progressos notáveis nesse sentido. Dentre os principais projetos, podemos destacar:
- Parque Eólico: Portugal possui vários parques eólicos, que ajudaram o país a atingir a meta de 31% de energia renovável no consumo bruto final
- Energia solar: Diversos projetos para instalar painéis solares em edifícios públicos e residências têm impulsionado a produção de energia solar no país
Recuperação de ecossistemas e biodiversidade
A preservação e recuperação de ecossistemas e biodiversidade também são fundamentais na luta contra as alterações climáticas. Nesse sentido, Portugal estabeleceu medidas de recuperação e conservação de ecossistemas, como:
- Restauração de habitats naturais: A promoção da recuperação de áreas degradadas e a criação de corredores ecológicos são exemplos de iniciativas que contribuem para a recuperação de ecossistemas e para a manutenção da biodiversidade3.
- Proteção das espécies: A implementação de programas de monitoramento e conservação de espécies em risco contribui para a proteção e recuperação da biodiversidade em Portugal