A mobilidade sustentável continua a crescer e Portugal lucra com esta tendência. Com o país a ser líder na venda de bicicletas na Europa, a exportação das bicicletas elétricas para o resto do continente também está a trazer frutos para a economia. E as perspetivas são positivas, já que este volume de negócios deve continuar a aumentar nos próximos anos
A forma como as pessoas se movimentam tem vindo a mudar drasticamente nos últimos anos, especialmente nas grandes cidades, devido às preocupações com a mobilidade sustentável e a poluição causada pelos combustíveis fósseis. E, com as bicicletas elétricas a assumirem-se como uma das principais soluções para as deslocações das pessoas, Portugal está a lucrar com esta tendência de mercado e a estabelecer-se como referência na produção deste meio de transporte.
O negócio das bicicletas elétricas tem cada vez mais peso, com as analistas a preverem uma explosão nas vendas ao longo dos próximos anos. E isso são boas notícias para o nosso país, já que a economia pode lucrar com a exportação destas e-bikes fabricadas em Portugal. Além disso, também a nível nacional há margem para o crescimento deste negócio, especialmente agora que surgem novos incentivos fiscais para este meio de transporte.
Agora no Noticias PT vamos dar-lhe todos os detalhes e explicar-lhe o potencial de negócio que as bicicletas com motor elétrico têm para o nosso país. Saiba porque elas são um tesouro escondido em Portugal e os benefícios que este mercado pode trazer a curto-prazo.
Exportação de bicicletas elétricas rende
A exportação de bicicletas elétricas em Portugal para outros países europeus começou em 2012, com um valor de negócios residual, de apenas 1,2 milhões de euros. Mas até ao final da década deu-se uma verdadeira explosão na procura, que chegou a um estrondoso total de 59 milhões de euros obtido na exportação de e-bikes de Portugal para a Europa em 2019.
Desde esse ano, segundo a Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins, Portugal é quem mais bicicletas fabrica a nível continental. E, do total de 13,5 milhões de bicicletas produzidas na Europa em 2021, Portugal é o líder no fabrico deste meio de transporte ecológico, com 2,9 milhões de unidades. Depois surgem a Roménia (2,5 milhões), a Itália (1,9M), a Alemanha (1,5M) e a Polónia (1,4M).
Negócio está a ser impulsionado por diversos fatores
Se o negócio das bicicletas elétricas já estava em franco crescimento no final da última década, esta área de negócio acabou por ser ainda mais impulsionada nos últimos anos. Por um lado, devido às restrições à circulação de veículos com motores de combustão em várias cidades. Algo que obrigou as pessoas a procurar alternativas de mobilidade em ambiente urbano, onde as bicicletas elétricas e as trotinetes acabam por se evidenciar pelo menor esforço exigido para as deslocações.
Mas também a pandemia fez crescer a procura de bicicletas elétricas. Em Lisboa, por exemplo, o recurso às bicicletas elétricas e tradicionais através do programa GIRA aumentou 25% desde o surgimento da Covid-19, mostrando que as pessoas aderiram a esta solução para se moverem de forma mais segura (evitando aglomerações em transportes públicos) e ecológica.
Há ainda mais um incentivo recente para as pessoas aderirem às bicicletas elétricas em Portugal, e que passa pelos incentivos fiscais para a sua aquisição. Considerados como uma das principais opções para a descarbonização dos transportes, o nosso país tornou-se o primeiro estado da União Europeia a descer o IVA da compra de bicicletas elétricas para a taxa mínima, colocando-o nos 6%.
As vantagens das bicicletas elétricas
Há vários motivos para explicar a crescente utilização de e-bikes em Portugal. Na comparação com os automóveis sobressaem duas, que são o preço imensamente mais reduzido e também a ausência de emissões poluentes. E, na comparação com as bicicletas tradicionais há que destacar que o esforço imensamente menor para mover as e-bikes torna-as muito mais atrativas para os utilizadores, especialmente aqueles que não estão em tão boa forma física ou que, pela idade, têm mais dificuldade em fazer mexer os pedais. E por isso, além da utilização em locais como as praias e os passadiços, as e-bikes estão muito mais adaptadas para percorrer cidades com elevações significativas, como é o caso de Lisboa e do Porto.
A simplicidade com que as as baterias podem ser removidas e carregadas em casa é outra vantagem das bicicletas elétricas
Há ainda uma outra vantagem que explica o crescimento das bicicletas elétricas em Portugal e outros países, e que é a facilidade de acesso. Através das aplicações e outros serviços de ride sharing, cada vez mais frequentes no nosso país e em outras cidades do mundo, é extremamente fácil encontrar uma e-bike para alugar em qualquer lugar e fazer as suas deslocações. E, em relação às trotinetes elétricas, a outra principal solução de ride sharing disponível, a sensação de segurança e a autonomia das bicicletas elétricas é muito mais elevada, tornando-as muito mais apelativas.
Mercado de bicicletas elétricas vai duplicar em seis anos
As perspetivas do mercado de bicicletas elétricas na Europa são bastante positivas, o que é uma excelente notícia para os fabricantes nacionais. Com um volume total de negócio estimado em 9.000 milhões de euros no final de 2021, espera-se que o crescimento anual desta área seja de quase 13% entre 2022 e 2027. Algo que vai permitir duplicar o volume de negócios durante os próximos anos, esperando-se que o mercado de bicicletas elétricas a nível europeu supere os 18.000 milhões de euros em 2027.
Este aumento será impulsionado por diversos fatores. Por um lado, a procura por parte de particulares mas também pelas empresas e entidades municipais para fomentar as soluções de ride-sharing. Além disso, a diversificação da oferta será também fulcral para o aumento do volume de negócios, com opções para deslocações urbanas, mountain bike e bicicletas preparadas para entregas de mercadoria (nas last-mile deliveries). E há ainda que destacar outra área em crescimento, que passa pela conversão de bicicletas tradicionais em e-bikes, através da inclusão dos motores elétricos junto das rodas e também das baterias nos quadros.
É seguro afirmar que pela primazia dada pelas pessoas às soluções de mobilidade individual, pela consciencialização ambiental e pela queda dos preços, a procura por bicicletas elétricas vai continuar a aumentar a nível europeu. E, com Portugal na liderança da produção de bicicletas na Europa, este segmento de mercado vai aumentar a sua contribuição para a economia nacional ao longo dos próximos anos.
Fontes: