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Saiba o que une e separa a economia portuguesa e espanhola

economia portuguesa e espanhola

Os dois países da Península Ibérica partilham, além deste território, também traços culturais, históricos e em outros pontos comuns. E a economia portuguesa e espanhola também têm várias coisas que as une, embora haja igualmente diferenças que se fazem notar. Agora vamos explicar-lhe o que junta e o que separa, do ponto de vista económico, os dois países

Em Portugal é normal designarmos os espanhóis como os “nuestros hermanos”. Mas, mesmo entre irmãos, há parecenças e diferenças que os tornam únicos e singulares. E isso aplica-se na perfeição à economia portuguesa e espanhola, com vários pontos em comum e desejos partilhados a nível internacional, mas também com vários fatores diferenciadores entre os dois países. Agora no NoticiasPT mostramos-lhe os principais indicadores para saber o que une e o que separa a economia dos dois países.

Situação geográfica potência semelhanças

Separados do centro da Europa pela cordilheira dos Pirenéus, essa situação joga contra os interesses económicos ibéricos, já que os afasta de mercados extremamente relevantes para exportação, como a Alemanha. E, além disso, também os força a gastar mais na importação de produtos e bens que precisam para os seus sectores produtores e consumidores finais. Mas, por outro lado, a posição mais próxima dos mercados da América do Sul e de África (com quem têm fortes laços históricos criados durante séculos) facilita e potencia a sua posição nestas regiões em comparação com os seus competidores a nível europeu.

Pontos Comuns na economia portuguesa e espanhola

O principal ponto em comum entre a economia portuguesa e espanhola é partilhado com outras nações europeias, já que se trata do moeda única. Isso assegura uma estabilidade económica mas, também, uma dependência das políticas económicas da União Europeia. Isso, por exemplo, está de momento a ter um enorme impacto a nível económico, devido à escalada da inflação e à adoção da subida da Euribor como solução para este problema.

Uma consequência disso foi uma taxa de inflação em 2022 que ficou nos 7,4% em Portugal e nos 8,4% no país vizinho. Mas, por outro lado, durante a pandemia, a proteção dada pelas medidas adotadas a nível comunitário facilitou o acesso a apoios financeiros e também à designada “bazuca” económica para relançar a economia nos dois países. Algo que permitiu no último ano recuperar dos danos causados pela Covid-19, com um crescimento da economia portuguesa e espanhola que foi, respetivamente, de 5,5% e de 6,7%.

Olhando para outros indicadores económicos dos países ibéricos há mais semelhanças. A dívida total de ambos está próxima dos 120% do PIB, a carga fiscal corresponde a 38% do Produto Interno Bruto e as exportações representam perto de 28% da riqueza. E, tanto ao nível do investimento em educação como na saúde (essenciais para o futuro económico dos países) os governos gastam aproximadamente o mesmo, com despesas que correspondem a 10% e 14% do PIB, respetivamente. Mas, como poderá ver, há várias diferenças importantes no nível de vida e na economia portuguesa e espanhola.

Diferenças entre a economia portuguesa e espanhola

Olhando para outros indicadores, há discrepâncias notórias entre os dois países. As mais positivas para os espanhóis são o PIB per Capita (27.000€ contra 20.000€ em solo lusitano) e ao nível dos salários. Com um rendimento anual também de 27.000€, os espanhóis ganham em média mais 7.000€ no final do ano que os portugueses. E o salário mínimo do outro lado da fronteira é quase 400€ mais elevado.

Além disso, o Índice de Preços do Consumidor revela que os espanhóis foram menos afetados em 2022 pelas flutuações de preços, com um aumento de 5,8% no custo de vida contra a diferença de 9,6% em Portugal. Para isso também contribui uma economia interna mais robusta e menos dependente das importações em Espanha do que no nosso país, já que os bens importados representam apenas 29% do PIB, contra 38% na economia lusitana.

Apesar de tudo, há vários pontos em que a economia portuguesa está melhor que a espanhola. A mais positiva é ao nível da taxa de desemprego de 6,7%, que é praticamente metade dos 13,1% de pessoas sem trabalho na Espanha. Além disso, ao nível da descarbonização da economia e recurso a energias renováveis Portugal também está a avançar mais rapidamente, já que as emissões de CO2 anuais per capita estão nas 3,80 toneladas, contra as 4,99 toneladas de Espanha.

Cooperação essencial para a evolução das duas economias

As boas relações entre países vizinhos têm vindo, ao longo dos anos, a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento da economia portuguesa e espanhola. Isso tem sido patente em entendimentos (como os referentes à partilha das águas ou patrulhamento das costas) e também em diversos acordos bilaterais, tanto para a produção interna como na exportação conjunta para diversos destinos.

O mais recente entendimento de grande escala é, talvez, um dos que pode ser mais importante para o futuro da a economia portuguesa e espanhola, com a construção do pipeline que será usado para o transporte de gás natural, a curto prazo, e para o hidrogénio numa visão mais estratégica e a longo prazo. Esta junção de forças entre os dois países na área da interligação energética foi acompanhado de outros acordos bilaterais que podem igualmente trazer frutos a longo prazo, em áreas como os satélites (Constelação Atlântica), na microeletrónica e semicondutores, na nanotecnologia e ainda na criação de uma dinâmica transfronteiriça para desenvolvimento económico nas zonas que unem os dois países.

Para estes entendimentos e evolução da economia portuguesa e espanhola têm sido essenciais as cimeiras luso-espanholas, que já vão na 33ª edição. Servindo como reuniões ao mais alto nível entre os executivos dos dois países, bem como dos principais agentes económicos ibéricos, elas ajudam a traçar planos conjuntos para o desenvolvimento comum. E, como tal, estes encontros são o ponto de partida para o fortalecimento da economia portuguesa e espanhola.

 

Fontes:

Country Economy

Secretaria Geral de Economia

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