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Regresso ao uso de máscara em Portugal pode ser realidade no Inverno

uso da máscara em Portugal

Poderá o uso de máscara em Portugal voltar a ser realidade? Há especialistas que não descartam essa possibilidade

Desde o surgimento da Covid-19 que os Invernos foram períodos marcados por picos da doença, com aumento de casos e medidas de restrição. Uma das principais iniciativas do governo e autoridades de saúde foi a obrigação do uso de máscara em Portugal, que só deixou de ser obrigatória nas ruas e maioria dos espaços fechados a 22 de abril de 2022.

Com a redução de casos durante o Verão e o avanço da vacinação, no final de agosto foi dado mais um passo para o regresso à normalidade, com a eliminação da máscara nas farmácias, transportes públicos coletivos de passageiros (como metro e comboios) e nos TVDE e táxis. Como tal, neste momento o uso de máscara em Portugal apenas é obrigatório em três locais, que são os lares e estruturas de acolhimento à terceira idade, as unidades de cuidados continuados e as unidades de saúde (hospitais, centros de saúde e espaços similares).

No entanto, após esta decisão do governo, decretada a 25 de agosto de 2022, vários especialistas já vieram alertar que o regresso da obrigação do uso de máscara em Portugal poderá acontecer durante o Inverno e meses mais frios do ano. Dois motivos são apontados para esse possível retorno das máscaras, que são o aumento do número de casos de Covid-19 no nosso país, bem como a combinação dos picos de incidência do coronavírus com os de outras doenças respiratórias, como a gripe.

 

Regresso do uso de máscara em Portugal não está descartado

Desde que foi anunciado o fim da obrigação de uso de máscara em Portugal que vários especialistas têm, em diversas ocasiões, alertado que o levantamento dessa restrição pode ser temporário. Uma das primeiras vozes a alertar para a situação foi Gustavo Tata Borges, Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

Criticando o levantamento da obrigação de máscaras nas farmácias, no final de agosto este responsável alertou também que “este levantamento do uso obrigatório da máscara pode ser por pouco tempo, possivelmente um mês e um mês e meio”. E explicou que esse possível retrocesso está relacionado com vários fatores, como o regresso às aulas e ao trabalho após os meses de férias e com a previsão de que em outubro possa surgir uma nova onda da Covid-19.

Também a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, não excluiu um regresso do uso de máscara em Portugal no Inverno. E para a responsável máxima para a DGS, o perigo vem dos expectáveis picos no número de casos. Em entrevista à RTP, Graça Freitas afirmou que o regresso das máscaras “pode acontecer. Vamos ter ondas, vagas para gripe e covid-19” considerando além disso que com o aumento de atividade dos vírus respiratórios as pessoas devem voltar “a ter alguma contenção própria e dos outros. Essa é a nossa recomendação”.

Miguel Castanho, investigador do  Instituto de Medicina Molecular (iMM) da Universidade de Lisboa, mostrou a mesma opinião. Em declarações à CNN no final de agosto, este especialista afirmou que o regresso a espaços fechados (como as salas de aula e locais de trabalho) “determina um contexto mais favorável aos contágios”. E, como tal, também ele prevê um possível aumento do número de casos no Outono.

 

Covid com mais impacto em Portugal que na média da U.E.

Quando se faz a contabilidade à história da Covid em Portugal e nos outros países da Europa verifica-se que a incidência desta doença foi maior em Portugal. E os números demonstram que essa situação se verifica tanto ao nível do número de infetados como nos mortos por milhão de habitantes.

Os números publicados pelo Diário de Notícias após a última atualização das regras de uso de máscara em Portugal indicam que metade da população nacional já contraiu o vírus da Covid-19. Segundo os dados apurados, a incidência do Coronavírus foi de 524.762 casos por milhão de habitantes, enquanto na União Europeia o registo foi de apenas 364.860 casos. Ou seja, 52,4% da população portuguesa já teve Covid-19, enquanto a nível comunitário apenas 36,4% dos cidadãos testaram positivo.

Ao nível das mortes os dados mostram a mesma tendência. Enquanto o registo em Portugal é de 2533 pessoas falecidas por milhão de habitantes, na Europa a estatística revela que 2409 casos de morte por Covid-19 por cada milhão de pessoas.

 

Situação estável desde o fim das restrições

Apesar de ser esperado um novo pico da Covid-19 para o início do outono, a verdade é que desde que foi eliminada a obrigação de uso de máscara em Portugal não se tem registado um aumento da incidência da doença. Ou seja, o perigo de um aumento intenso de casos logo após o aliviar das restrições não se confirmou.

Enquanto o número de novos casos tem-se mantido sempre abaixo dos 20.000 testes positivos, o total de internamentos também se mantém estável, com cerca de 430 camas ocupadas nas unidades de saúde. E os óbitos continuam a registar uma queda depois do alívio das medidas de uso de máscara em Portugal, passando de 47 falecimentos entre 30 de agosto e 05 de setembro para apenas 37 casos entre 13 e 19 de setembro, nas últimas estatísticas publicadas pela DGS.

Uma das principais razões apontadas para esta situação prende-se com o sucesso da vacinação, já que ela continua a evoluir com números francamente positivos. Além de toda a população acima dos 25 anos ter o esquema vacinal completo, praticamente 100% das pessoas nos grupos etários de maior risco (acima dos 65 anos) também receberam pelo menos uma dose de reforço. E, olhando para o total da população portuguesa, dois terços das pessoas receberam essa dose de reforço.

Preparando já o Inverno, 19% dos portugueses com mais de 80 anos já têm confirmado no seu Certificado de Vacinação a dose de reforço sazonal Outono-Inverno, tomada em combinação com a vacina da gripe. Além desta faixa etária, também já arrancou esta vacinação para todos acima dos 50 anos, bem como para grupos de risco. E, com esta vacinação, o Estado espera seguramente conseguir evitar picos de casos e de mortalidade devido à Covid-19, que obriguem ao regresso de medidas restritivas como o uso de máscara em Portugal, como foi necessário implementar durante quase 900 dias de pandemia da Covid-19.

 

Fontes:

Portugal.gov.pt

DN

DGS – Relatório de Situação Covid-19