Paralisações nos comboios estão a tornar-se um problema frequente para os portugueses, e vêm aí a mais uma paragem em 2023. Saiba as datas da nova Greve CP e as reivindicações por trás destes novos constrangimentos nos caminhos de ferro em Portugal
Sem acordo com a CP, o Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) anunciou uma nova jornada de luta para o mês de março, que vai novamente deixar milhares de portugueses sem comboios para as suas deslocações nas áreas metropolitanas e viagens de longo curso. A nova greve CP está marcada para os dias 10 a 17 de março, sendo o “terceiro round” de paragens este ano deste sindicato, depois das paralisações que ocorreram entre 3 e 8 de janeiro e nos dias 8 a 21 de fevereiro.
Esta greve CP surge, como os protestos anteriores, em consequência da falta de acordo entre as organizações que representam os funcionários e a direção da CP e governo. Entre as reivindicações principais dos trabalhadores o principal destaque é a exigência de aumentos salariais mais elevados, para fazer frente à perda de poder de compra e quebras na economia dos trabalhadores por causa da inflação, embora existam outros pedidos por parte destas organizações.
Terceira Greve CP de 2023 vai durar uma semana
A nova Greve CP marcada para março vai ter a duração de uma semana, prometendo trazer novamente o caos a milhares de portugueses que dependem dos comboios para chegar aos seus locais de trabalho. Segundo a previsão efetuada com o anúncio da nova paragem, a CP espera que os maiores constrangimentos sejam sentidos logo no primeiro dia de greve (10 de março, sexta-feira), sendo as dificuldades de deslocação atenuadas durante os dias seguintes.
Relativamente ao número de comboios que estará em circulação nesse período, ainda não há dados concretos. Mas tudo indica que, como aconteceu com as anteriores paralisações, devem ser decretados serviços mínimos que devem garantir a manutenção de alguns dos serviços de longo-curso (regionais, intercidades e alfa-pendulares) e ainda a circulação de comboios com relativa regularidade nas áreas metropolitanas.
Última greve dos comboios teve adesão de 80% e deixou milhares sem transporte
Muitos portugueses estão já a preparar-se para dias difíceis entre 10 e 17 de março com a nova greve CP, já que o caos nos transportes foi uma realidade entre os dias 27 de fevereiro e 2 de março, quando outras organizações de trabalhadores dos caminhos de ferro (como o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário – SNTSF, e o Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviário – STMEFE) também fizeram jornadas de luta que causaram fortes constrangimentos.
Nesta última Greve CP, apesar de terem sido decretados serviços mínimos de 25%, a adesão dos trabalhadores rondou os 80%. E a consequência dessa adesão foi a supressão de grande parte das ligações, a sobrelotação dos poucos comboios que circularam nas áreas metropolitanas e ainda filas de trânsito imensas porque muitos tiveram de trocar as carruagens pelo carro particular para chegar ao seu local de trabalho. Logo no primeiro dia da greve CP, por exemplo, apenas foram cumpridos 239 dos 990 serviços previstos, o que significa a supressão de 75,9% das ligações ferroviárias.
De que reclamam os trabalhadores da CP?
O principal motivo para as sucessivas greves nos comboios prende-se com os baixos aumentos salariais previstos para este ano. Segundo explica o SMAQ, a proposta do governo e responsáveis da CP passa por uma subida dos vencimentos na ordem dos 4% ou um aumento global de 51€ comum a todos os índices de carreira. Este é um valor que os sindicatos consideram insuficiente para fazer face aos aumentos de preços, recordando que só em 2022 a inflação média foi de 7,8%, praticamente o dobro do valor da proposta de aumentos.
Segundo as estimativas do SNTSF, só para fazer face à perda de poder de compra devido à inflação galopante que se verificou nos últimos meses, seria necessário que o aumento dos salários fosse pelo menos o dobro da proposta do governo. Ou seja, uma revisão dos vencimentos com aumento global a rondar os 100€.
Existem outras razões para esta nova greve CP em março. À imagem do que acontece com a greve dos professores, também os trabalhadores da CP têm várias reivindicações relativas à sua carreira. Mas, neste caso específico, os motivos de protesto são as escalas, melhoria das instalações e condições de trabalho e ainda reforços na área da segurança, situações que, segundo o SMAQ, “a empresa se tem mostrado manifestamente incapaz de responder”.
Sem comboio? Saiba as alternativas para se deslocar com a Greve CP
Se tem previstas viagens na CP para os dias 10 a 17 de março, o melhor é começar a procurar por alternativas para circular durante a Greve CP. Se está nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, onde os serviços suburbanos da CP e da Fertagus devem ser afetados, as melhores alternativas são usar outros transportes coletivos, como os autocarros, o barco ou metropolitano. Ou, se tiver essa possibilidade, sair mais cedo de casa e enfrentar o trânsito no seu carro particular.
Se está a prever deslocações de longo-curso para trabalho ou turismo, então o melhor é precaver-se e não chegar a marcar as suas viagens com a CP para estes dias. Afinal, corre o risco do serviço em que se pretende deslocar ser suprimido. No caso de viagens entre Lisboa, Porto e Faro, as viagens de avião com companhias low-cost podem ter um custo semelhante. A diferença está, obviamente, na necessidade de chegar mais cedo aos aeroportos por motivos de check-in. Para viagens entre outros distritos de Portugal, os autocarros da Rede Expressos ou de outras empresas são, sem dúvida, a melhor forma de garantir que não fica apeado por falta de comboios devido à greve CP.
Seja qual for o meio de transporte que escolha como alternativa, lembre-se sempre de uma coisa. Com a paragem dos comboios, seguramente o trânsito vai estar (ainda mais) caótico que o habitual e os outros transportes coletivos de passageiros vão ter uma procura muito superior. Por isso, é melhor sair antecipadamente para as suas deslocações para garantir que, mesmo que encontre uma alternativa à nova greve CP, não perde a sua viagem por chegar atrasado…
Fontes: